sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Existe vida sensível do lado de cá

Preste atenção nos homens à sua volta. Não são todos iguais. Há um time que discute outros assuntos além de mecânica de carro, não revela a intimidade sexual no escritório e não provoca garota bonita que passa na rua. Essa falange gosta de mulher independente, sim... mas está em baixa a candidata que só quer competir e ressalta, a toda hora, suas armas de guerreira. Os especialistas do comportamento classificam o problema como crise de papéis e a conseqüência é límpida: quanto mais se parece com o homem, menos atrativa ela se mostra. Menos doce, menos romântica...
O editor Paulo Martins*, 41 anos, é romântico e busca uma alma gêmea. Mas acha que essa característica tem sido considerada como um defeito grave. "Estou tentando me corrigir", diz ele em tom irônico. "Hoje, tenho medo de telefonar depois de uma noite de amor e ser visto como um mala", revela. Também é preciso derrubar o mito de que só o homem deve tomar a iniciativa. Isso é tolice! Se você tem vontade, tecle para ele. Fale do prazer que sentiu e esqueça de investigar por que ele não discou primeiro. Nada de pressão, lembra? Estímulo é o que Paulo espera de uma grande parceira. "Me sinto instigado quando vejo uma mulher se dedicar à realização pessoal", confessa. "Minha primeira mulher era pianista e me incentivou a estudar música. A segunda falava vários idiomas e fui aprender línguas." O que deu errado nos casamentos dele? "No primeiro, que durou 11 anos, não soubemos manter o fogo e viramos amigos", afirma. "A outra relação foi intensa, com vida sexual show de bola, mas minha mulher não era afetiva. Vivemos quatro anos na base do cada um pra si." Agora, ele procura uma pessoa madura, calorosa, amiga, que tenha grande entusiasmo sexual e seja companheira para o que der e vier.
Se você anda atrás das mesmas qualidades em um homem, aceite o convite dele para uma viagem a dois. Nós adoramos um test drive. Pegar a estrada e passar uns dias fora dos domínios de um e de outro é uma ótima oportunidade para conhecer afinidades e diferenças. Ali, longe de tudo, os traços pessoais ficam mais evidentes - e você descobre se quer conviver com eles no cotidiano. Se o pretendente não é como você idealizou, diga adeus ao voltar para casa. "Não tente colocá-lo numa fôrma onde ele não cabe", adverte o sexólogo Ronaldo Pamplona, da Associação Médica Brasileira de Sexologia. "Uma relação adulta exige concessões, mas ninguém muda ninguém. É impossível transformar a essência do parceiro", diz.

Assim como é improvável mudar o caráter e a personalidade dele, você não poderá alterar a condição social. Se você está bem colocada na vida, ganha mais e se veste melhor, tente enfatizar menos os seus poderes. O homem se sente diminuído quando o mundo dele é confrontado com o mundo dela, que fica noutro extremo", explica o médico Luiz Cuschnir, supervisor do Serviço de Psicoterapia do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, de São Paulo. Quer mais uma informação valiosa sobre a ala masculina? Nós, machos, também somos sensíveis. Sócrates Nolasco, psicólogo e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, ressalta que as mulheres se julgam donas do saber emocional. Por isso, acreditam que só elas são dotadas de paixão e menosprezam a capacidade masculina de chorar, sofrer e se alegrar. Você já deve ter visto um bando de mulheres dizendo que namorado sensível é fraco ou pouco másculo. Quanta prepotência! A verdade é que nós estamos pesquisando e percebendo a vida interior. Quer saber mais? O homem fica radiante ao descobrir que foi escolhido pelo que ele é por dentro. "Isso gera um conforto inacreditável para o sexo masculino", garante Nolasco. "Apesar de falar pouco sobre essas descobertas e amargar dificuldades de demonstrá-las, os homens valorizam muito o afeto e o próprio mundo emocional." Então, leitora, curta a alma do macho. Confesse que gosta do lado espiritual do seu parceiro, que considera seu humor, suas tiradas sutis e aprecia quando ele se desnuda dos velhos preconceitos. Não faça como a namorada do engenheiro eletrônico Rafael Junqueira de Sousa, 30 anos. Ela o deixou se queixando de - pasme! - excesso de amor e de cuidados. Sabe de que forma o engenheiro demonstrava esse lado? "Mimando a namorada", diz ele. "Curto deixar recados, fazer jantares, conversar, dar presentes e estar por perto." Embora seja um cara superocupado, ele conta que prioriza seus relacionamentos e cultua seus sentimentos. Mas a mulher de quem Rafael mais gostou classificou como "overdose" as atitudes dele. "Eu insisti na tecla e ela me deu um pé no traseiro." Responda com sinceridade: Quem você acha que saiu perdendo?

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