sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Herói, não. Pai.






Enquanto todos da casa ainda estavam babando em seus travesseiros, ele já havia feito o café. Mesmo que, aparentemente, não haja nenhum problema, ele sempre desconfia, ou pelo menos se interessa, se importa, te chama em um canto e pergunta como andam as coisas. Como está o seu namoro, se na faculdade está tudo bem.

Sem que seja preciso pedir ele coloca um dinheirinho na sua carteira, o que quebra um galhão quando a fome bate no meio da rua.

Ele participa da sua vida - mesmo que esteja longe -, torce, briga. Às vezes é bem intransigente e, quase que na maioria das vezes, pensa estar com a razão. Afinal, ele é mais velho e mais experiente. Mas parece que nos últimos anos ele vem te escutando mais, não que isso mude muita coisa no ponto de vista dele. Provavelmente ele te admire pelas suas conquistas um dia, mas ele nem sempre aprova as suas escolhas.

Afinal, ele te conhece. É muito claro e evidente, vocês são parecidos, apesar de serem extremamente diferentes. Se parar para pensar, ele te entende, até mesmo quando você erra, o que acontece bastante!

Você tem desejo de viagens distantes. Para ele, um final de semana na praia com a família é uma alegria. Você mora fora de casa e talvez até vá morar fora do país. Aprendeu a gostar de Andrea Bocelli por influência dele. Aprendeu a ter ambição e a valorizar o dinheiro, mas também aprendeu a buscar o sorriso e, consequentemente, a felicidade.

Ele sempre esteve presente e preocupado em te ensinar. E ensinou tanto! Preocupou-se ou preocupa-se em te tornar alguém. Se pudesse, ele te ensinaria todos os dias como viver.

Com ele me veio o gosto de conviver, abrir as portas para quem quiser e a gostar de casas e gostar de carros e ... Aprendi a ficar até tarde sem fazer nada em frente à televisão. Com ele aprendi a ser cabeça dura e a peitar os outros quando precisar, mas nunca faltar com respeito a ninguém.

Aprendi também a brincar e ser engraçado nas rodinhas com os amigos. Com ele venho aprendendo a ser uma pessoa agradável e admirável. Aprendi que não se deve andar com o carro nos cantos das ruas, pois é lá onde fica a sujeira. Aprendi a já ir freando o carro, devagarinho, quando for preciso parar. Com ele aprendi a dirigir - inicialmente só observando, posteriormente praticando - e modéstia à parte, mas eu dirijo muito bem, quase igual ao meu pai.

Aprendi que a família é a coisa mais importante que existe!

Ele sempre me ensinou tudo. E não apenas ensinou, mas também esteve sempre presente ao meu lado, do dia em que tive medo de ir ao meu quarto sozinho durante a noite, até o dia em que decidi o meu futuro profissionalmente.

De todos os bons - e também os não tão bons assim - momentos, das lembranças, de tudo que realmente é relevante, eu expresso os frutos, e dele extraio este suco: herói não, pai.




*Não quero falar só do meu pai, mas dos meus pais; digo, pai e mãe. Afinal, quase tudo o que eu disse np texto vale para os dois. Escrevi este texto com uma atenção maior voltada à figura paterna pra homenagear meu pai pelo dia dos pais, ainda que eu estejabastante atrasado pra isso.